Vice-prefeito entra na mira do MP por degradar Rio Miranda para gado beber água

O vice-prefeito de Maracaju, a 160 quilômetros de Campo Grande, Mauro Christianini, mais conhecido como Maurão (PP), se tornou alvo de investigação do Ministério Público por degradação ambiental em área de preservação permanente às margens do Rio Miranda, no município de Bonito. A infração foi constatada durante fiscalização realizada pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), após denúncia de intervenção irregular na região.
Ao retornarem ao local quatro dias depois, em 29 de julho, os fiscais encontraram um cenário de degradação ainda maior: uma escavação foi realizada com o uso de escavadeira hidráulica no barranco do rio, criando um acesso direto ao leito. A abertura media 3,80 metros de largura, 18,55 metros de comprimento e até 2,17 metros de profundidade. Todo o material escavado foi empurrado para dentro do rio, avançando cerca de 14 metros sobre o curso d’água e intensificando o processo de assoreamento.
A vistoria identificou ainda que o acesso da máquina ao local foi feito por uma antiga trilha em meio à reserva legal da fazenda, que foi ampliada para 9 metros de largura e estendida por 209 metros até a margem do rio. Próximo ao curso d’água, a área da trilha foi alargada ainda mais, chegando a 28,15 metros por 34,60 metros. Nenhuma dessas obras possuía licenciamento ambiental.
A intervenção ocorreu em área protegida por lei federal, e o vice-prefeito foi notificado a retirar o material depositado no rio, reconstituir o barranco escavado e apresentar, no prazo de 15 dias, um PRADA (Projeto de Recuperação de Área Degradada e Alterada). A fiscalização gerou três autos de infração, somando multas no valor de R$ 255 mil.
Em resposta ao Imasul, Mauro Christianini alegou que utilizou um antigo acesso ao rio para permitir que o gado da fazenda tivesse acesso à água, em razão da seca extrema que afetou os açudes da propriedade. Segundo ele, a intervenção foi necessária para evitar a morte de animais por sede. A defesa apresentada ao Imasul sustenta que a ação foi feita “sem intenção de causar danos ambientais” e que o proprietário pretende regularizar o acesso junto ao órgão ambiental.
Em resposta ao Imasul, Mauro Christianini alegou que utilizou um antigo acesso ao rio para permitir que o gado da fazenda tivesse acesso à água, em razão da seca extrema que afetou os açudes da propriedade. Segundo ele, a intervenção foi necessária para evitar a morte de animais por sede. A defesa apresentada ao Imasul sustenta que a ação foi feita “sem intenção de causar danos ambientais” e que o proprietário pretende regularizar o acesso junto ao órgão ambiental.
O caso chama atenção não apenas pelo cargo ocupado por Mauro Christianini, mas também pelo agravamento da crise ambiental no bioma Pantanal e nos rios da Serra da Bodoquena, especialmente diante das estiagens prolongadas e do avanço do assoreamento dos cursos d’água. O Rio Miranda, um dos principais de Mato Grosso do Sul, já sofre há anos com perda de vazão, erosão e impactos da expansão agropecuária sem controle.
Caso o Ministério Público entenda haver elementos suficientes, o inquérito pode resultar em Ação Civil Pública, TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) ou, ainda, em responsabilização criminal do vice-prefeito.
A reportagem não conseguiu contato com o vice-prefeito Maurão ou com sua defesa para comentar sobre o inquérito aberto pelo Ministério Público. O espaço segue aberto para manifestações.
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